domingo, 20 de janeiro de 2013

O princípio da cooperação: em busca de uma nova racionalidade, Maurício Abdalla - A utopia a serviço da vida!


Autor(a): Maurício Abdalla[1]
Assunto: Filosofia
Edição: 
Número de Páginas: 152
Editora Paulus



Sinopse: A compreensão de filosofia adotada por Maurício Abdalla é de que ela é uma forma de saber que tem como objeto todo e qualquer fenômeno que se apresente como problema, o qual surge como um desafio à racionalidade dominante. Por isso, o puro pensar sobre os conceitos já pensados, sem referência à relação dos conceitos com problemas existentes, se pode ser considerada atividade filosófica, não é a que constrói a história da filosofia. Observando o presente, Maurício Abdalla percebe um mundo em crise, que apresentam fenômenos que desafiam o pensamento filosófico e exigem dele atenção especial. O autor procura, então, apresentar os sintomas desta crise na natureza e nas relações humanas de produção e sociabilidade. Esta crise tem sua origem na racionalidade burguesa cujo princípio determinante das relações entre os seres humanos e entre estes e a natureza é a troca. Contudo, o tipo de troca que funciona como eixo desta racionalidade não é uma troca solidária e complementária – como pode fazer parecer o discurso liberal e a interpretação ingênua do capitalismo –, mas a troca interesseira e individualista, cujo fim não é a satisfação dos dois pólos envolvidos nela, mas a obtenção de vantagens para um dos lados. E, como o objetivo deste trabalho não é estarrecer o leitor ou propagar o pessimismo, o autor intenta fincar alguns pilares de uma nova racionalidade que possa superar as crises atuais. Esta proposição é a que dá o título ao livro e está fundada no princípio da cooperação.


N

a primeira parte do livro, Abdalla nos apresenta um panorama da sociedade burguesa no final do século XX e início do século XXI. Sua análise é dividida em duas frentes: a crise da natureza e a crise das relações humanas de produção e sociabilidade, tendo como objetivo fazer da filosofia uma ciência não somente de interpretação dos fenômenos sociais, mas também de transformação, levando a sociedade a pensar criticamente e assim, livrar a humanidade e a Terra da destruição total, a partir do princípio da cooperação, não como meio, e sim como fim para superação das crises.

Com uma linguagem acessível aos não estudiosos da área, o autor em poucas páginas iniciais aborda com muitos dados referenciados a crise da natureza, afirmando enfaticamente que os problemas relacionados ao aquecimento global, poluição de mares, rios, destruição de florestas e toda questão ambiental está “[...] relacionado diretamente ao avanço industrial e à dinâmica da sociedade capitalista moderna” (ABDALLA, 2004, p. 28).

Os dados alarmantes sobre o aquecimento global, que vem sendo divulgados há anos por cientistas renomados mundialmente, pela ONU e outras organizações, entretanto, não significaram pressão aos Estados nacionais mais ricos, como os Estados Unidos, por exemplo, nem aos Estados com economia emergente, ou em desenvolvimento, para efetivarem mudanças em seus processos produtivos e culturais.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Morte Súbita, J. K. Rowling - As contradições de uma tragédia inglesa

Bem vindos ao blog Um livro depois de lido. Aqui irei postar minhas impressões sobre as leituras que fiz e farei. Começo com Morte Súbita, de J. K. Rowling, autora da série Harry Potter. Por eu ser fã da saga do bruxinho, o livro imperdível para as férias era o lançamento da autora. Terminei de ler faz algumas horas e é com ele que dou início ao blog. Espero que gostem e comentem! 



M
orte Súbita (512 páginas), de J. K. Rowling, publicado em 2012, pela Editora Nova Fronteira, de gênero ficcional contemporâneo, é uma obra composta em sete partes, entre eles, a Parte Sete, intitulada: “Combate à pobreza”. Esse último elemento que encerra a narrativa possui poucas páginas friamente escritas no sentido, creio eu, de exemplificar no romance, que a palavra morte vai além da definição literal de “fim da vida”.

Na obra, Rowling nos apresentou a tragédia da desigualdade social, do ponto de vista inglês, sobre diversas manifestações da questão social: desemprego, vícios, tráfico de drogas, violências, falta de moradia etc. Também nos mostrou os contornos de uma sociedade mergulhada no conservadorismo, na hipocrisia, defensora da “moral e dos bons costumes” e fortemente influenciada pela mídia burguesa.

Vemos que os cidadãos de direitos são aqueles residentes em Pagford, que colhem os frutos de seu trabalho árduo e gozam de uma vida organizada. Os marginalizados residem em Fields e são naturalmente preguiçosos, criadores de suas próprias desgraças e dependentes de políticas sociais do Estado, essas que, do outro lado do Atlântico, também são ineficazes e mal geridas pelos representantes do povo.  Isso podia ser um resumo caricato de romances trágicos com finais felizes, se não fosse a concretude das inúmeras situações vividas pelas personagens de Rowling, tão vistas e ignoradas por nós diariamente no Brasil e no restante do mundo.

A vacância no Conselho Distrital de Pagford, causada pela morte súbita de Barry Fairbrother, não passa de um pontapé para nos introduzir nas contradições do pacato vilarejo de poucos habitantes. Assim, vemos que a criminalização da pobreza era, no Conselho, um fator central da disputa política entre Barry e Howard Mollison e que iria se tornar pauta para os candidatos à eleição pela vaga deixada pelo falecido.